
O bocado de fim de mundo que constitui a província angolana do Cuando Cubango, é composto na sua maior parte por uma savana encalacrada entre os dois grandes desertos africanos: o imenso Kalahari e o caseiro deserto de Moçâmedes.
Dois dos maiores rios angolanos deram o nome à província: o Cubango que nascendo no centro do território delimita a província a oeste,

A Neriquinha e toda a área de actuação da 3441 confinavam a leste com as margens deste rio e seus inúmeros afluentes, parecendo-nos o local mais remoto de todo o imenso território angolano. Por alguma razão

Era um ambiente hostil que intimidava quem por ali aportava e só aos poucos e poucos, à medida que cada troço de picada, cada chana, cada recanto mais escondido se ia tornando familiar, fomos sendo capazes de apreciar a beleza selvagem e indescritível que todos os dias se exibia provocadora perante intrusos que dificilmente aceitariam ali viver de livre vontade.
Ainda assim, mesmo passado mais de um ano de por ali deambular nas frequentes operações de controlo do inimigo, sentia sempre um certo desconforto toda a vez que uma nova missão me levava para além das zonas já conhecidas, não obstante a semelhança entre cada recanto

Uma noite de chuva diluviana ou um dia atormentado por trovoadas aterradoras acompanhadas de relâmpagos que se anunciavam como disparos de roketes, rachando árvores como se abertas de uma assentada por gigantescos machados invisíveis, compunham visões feéricas que pareciam querer amedrontar quem ousava profanar aquelas paisagens apenas molestadas pelas forças da natureza.
No entanto, todo aquele mundo de ninguém tinha a sua faceta simpática.

Dependendo da sensibilidade de cada um, até o colorido da mais pequena flor que se abria ao sol depois das primeiras chuvas, pincelando de cores

Contudo, o grande actor, imponente e castigador que por ali se exibia durante todo o ano, era o sol. Depois de infernizar a vida de todo o ser vivente que se atrevesse a pisar o seu palco, recolhia-se ao fim de cada dia

É verdade, o pôr-do-sol na savana era sempre um espectáculo que me deslumbrava a cada fim de dia.

1 comentário:
Obrigado caro José de Sousa.
Continue a visitar-nos. Nem que seja pelas imagens que constinuaremos a publicar.
Ah! Já dei uma olhadela aos seus blog's. Interessantes!
Continue. Aquela terra merece que se fale dela.
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