Não consigo!
Por mais que tente, não sou capaz de recordar o que quer seja dos dois últimos natais passados em África.
Parece que as células, os neurónios ou o que quer que seja que tem por função a preservação das memórias, não terão cumprido a sua missão. Nem uma imagem, um simples lampejo, uma fotografia… nada.
Já me perguntei várias vezes o que terá acontecido no natal de 1972 - o passado na Neriquinha - para não ter ficado nada registado.
Terá sido do calor que em Dezembro calcina África?
Terá sido assim tão traumático?
Parece amnésia. É que nem tenho uma só fotografia. Mas deve ter sido com a malta e com boa disposição.
Só me recordo do primeiro Natal, o passado no Rivungo, um mês e pouco após ter ali chegado.
Do último também não retenho nenhuma lembrança. Nessa altura penso que ainda estávamos nas Mabubas.
Ou não?
Tenho a certeza que regressei a Lisboa no dia 6 de Janeiro de 1974.
Provavelmente já tínhamos sido rendidos e estávamos em Luanda à espera do transporte que nos trouxe de regresso a casa.
Provavelmente essa é a explicação. Luanda … nada de oficial para fazer, galdeirice, brincadeira, noitadas…
Sim. Disso lembro-me.
Está explicado. O natal de 1973, em Luanda, passou sem darmos conta.
Espera!
Foi nessa altura, quando já pouco havia para fazer, que um acidente estúpido nos levou o Morgado.
Estava na praia, na brincadeira. Um mergulho mal calculado e partiu o pescoço.
Não quis acreditar.
Ao fim de tudo por que passáramos?
Quando já só faltavam uns escassos dias, havia de acontecer outra desgraça!
Cada um à sua maneira já tinha travado a luta com os sentimentos, mandado as saudades às urtigas e tentado sublimar a perda irreparável do Gonçalves.
O destino, ou o que quer que seja a força que nos domina, havia de nos pregar mais uma partida. A última.
Esta minha cabeça tem destas coisas. Mais uma vez concluo não perceber como funciona a memória.
Não me lembro de um só pormenor dos dois últimos Natais em África. Mas dos dois camaradas que não regressaram, lembro-me muito bem.
Fica aqui a homenagem.
Com tristeza mitigada pelo tempo, mas com saudade reforçada.
Um bom natal para os vivos.
Por mais que tente, não sou capaz de recordar o que quer seja dos dois últimos natais passados em África.
Parece que as células, os neurónios ou o que quer que seja que tem por função a preservação das memórias, não terão cumprido a sua missão. Nem uma imagem, um simples lampejo, uma fotografia… nada.
Já me perguntei várias vezes o que terá acontecido no natal de 1972 - o passado na Neriquinha - para não ter ficado nada registado.
Terá sido do calor que em Dezembro calcina África?
Terá sido assim tão traumático?
Parece amnésia. É que nem tenho uma só fotografia. Mas deve ter sido com a malta e com boa disposição.
Só me recordo do primeiro Natal, o passado no Rivungo, um mês e pouco após ter ali chegado.
Do último também não retenho nenhuma lembrança. Nessa altura penso que ainda estávamos nas Mabubas.
Ou não?
Tenho a certeza que regressei a Lisboa no dia 6 de Janeiro de 1974.
Provavelmente já tínhamos sido rendidos e estávamos em Luanda à espera do transporte que nos trouxe de regresso a casa.
Provavelmente essa é a explicação. Luanda … nada de oficial para fazer, galdeirice, brincadeira, noitadas…
Sim. Disso lembro-me.
Está explicado. O natal de 1973, em Luanda, passou sem darmos conta.
Espera!
Foi nessa altura, quando já pouco havia para fazer, que um acidente estúpido nos levou o Morgado.
Estava na praia, na brincadeira. Um mergulho mal calculado e partiu o pescoço.
Não quis acreditar.
Ao fim de tudo por que passáramos?
Quando já só faltavam uns escassos dias, havia de acontecer outra desgraça!
Cada um à sua maneira já tinha travado a luta com os sentimentos, mandado as saudades às urtigas e tentado sublimar a perda irreparável do Gonçalves.
O destino, ou o que quer que seja a força que nos domina, havia de nos pregar mais uma partida. A última.
Esta minha cabeça tem destas coisas. Mais uma vez concluo não perceber como funciona a memória.
Não me lembro de um só pormenor dos dois últimos Natais em África. Mas dos dois camaradas que não regressaram, lembro-me muito bem.
Fica aqui a homenagem.
Com tristeza mitigada pelo tempo, mas com saudade reforçada.
Um bom natal para os vivos.
8 comentários:
Cronologia dos Natais da paz (diz-se), vividos no palco da guerra.
1971
Tivemos o privilégio da visita de um Pai Natal especial. O General Cmdt. da Zona Militar Leste (Bettencourt Rodrigues) decidiu passar o Natal connosco, trazendo consigo cinco reis magos (comitiva de coronéis). Foi uma felicidade. Os oficiais cederam as suas camas e dormimos todos em camas improvisadas na messe; tipo presépio sem vacas nem burros para nos aquecerem por evidente ausência de frio... O Sr. General discursou para as tropas.
1972
O Mov. Nac. Feminino fez-nos chegar alguns bolos-rei e bolos secos com, pelo menos, 15 dias de fabrico, que os militares saborearam à noitinha em amena reunião de família militar no refeitório, onde imperou o silêncio. Uma espécie de "Silent night...". Ah... apareceu a RTP para alguns "... adeus e até ao meu regresso...!"
1973
Natal já em casa... menos eu, um condutor, um escriturário e o 1º Sarg. Pinto; só regressámos dia 15 de Janeiro de 1974.
A Companhia regressou algures entre 19 e 23 de Dezembro de 1973.
Mera curiosidade.
Passei quatro Natais consecutivos em Angola.
1970 - Estágio (Nov.70 a Fev.71)
1971 - N´riquinha
1972 - N´riquinha
1973 - Luanda Comissão liquidatária (17 Dez73 a 13 Jan.74).
Acho que por isso mesmo se me foi o espírito natalício...
Abraço
P. Cabrita
Vamos por partes.
O Natal de 1971, passei-o no Rivungo. Logo não me posso lembrar do discurso das altas patentes.
Do Natal de 1972, não me recordo nem do bolo rei nem da visita da RTP. Ou voltei a passá-lo no Rivungo, coisa de que não me lembro, ou a minha memória anda a pregar-me partidas, o que é o mais certo.
Relativamente ao último, há aqui algo que não bate certo.
Sempre recordei ter passado três Natais em Angola, para além de ser capaz de jurar que desembarquei em Lisboa, Figo Maduro, por volta das 6 da manhã do dia 6 de Janeiro de 1974.
Alguém que nos ajude Cardoso...!
A minha memória aponta-me para que a Companhia tenha vindo passar o último Natal a casa.
Estarei enganado.
O resto está certo.
Ou muito me engano ou vamos ambos ter que marcar uma consulta...
Abraço
P. Cabrita
Por curiosidade o 1ºSarg.Pinto da v/ Companhia era de Cavalaria ?
Estive no Leste de 1969 a 1971 com o ÁS DE ESPADAS e tinha um 1º Sargento de nome Atílio Pinto será o mesmo?
Entretanto tenho de vos dizer a v/ companhia tem na verdade um óptimo blog.
Bom Natal e Feliz Ano Novo 2010
Caro Cabrita e caro Cardoso:
O Natal de 1973 foi passado já em Luanda. Chegámos a 4 de Janeiro de 1974.
Caro Anónimo:
De facto o 1º Sarg. António Pinto esteve connosco, na N´Riquinha, entre Outubro de 1971 a 4 de Janeiro de 1974. Quando nós chegámos ao Leste, estava o vosso Batalhão a rodar, creio eu. Se não me falha a memória, vocês estavam em Cangamba, não era?
Votos de Bom Natal e um bom ano de 2010, para si.
Gabriel Costa
Pronto.
O lapso de memória é meu. Eu tinha na minha perspectiva que vocês já tinham vindo passar o Natal a Portugal.
Talvez a minha confusão resulte da circunstância do dr. Lacerda ter, de facto, já passado o Natal cá. Mas ele veio mais cedo.
Quanto ao nosso 1º Sarg., só para completar, o nome completo é Manuel António Pinto.
Abraço e Boas Festas.
P. Cabrita
Caro anónimo.
Lamento desapontá-lo. Mas o nosso 1º Sargento, de seu nome Manuel António Pinto era mesmo nosso, ainda hoje o é.
Não são ciúmes, mas é quase.
Natural da Guarda, não tinha nada a ver com a má fama que na altura se apontava aos "primeiros".
Para mim, para nós todos, foi como um pai.
Que Deus o conserve de boa saúde.
Um dia destes falarei dele neste blogue.
Um bom natal para todos
E.C.
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