Não me lembro de pormenores da viagem de regresso à Neriquinha. Provavelmente correu sem incidentes.
Percorremos assim o mesmo trajecto feito três meses antes, mas agora em sentido inverso, passando de novo pelo Demba, Mugamba e Lihaona, seguindo-se o inevitável pontão de cimento das pontes do Cúbia e finalmente o itinerário sinuoso que conduzia à pista de terra avermelhada, companheira inseparável da cerca de arame farpado que limitava a fortificação desprovida de muros ou ameias.
Os cerca de 120 quilómetros que separavam a Neriquinha do Rivungo deverão ter levado as costumeiras sete ou oito horas a percorrer, já que apenas uma ou outra vez se conseguiu, em condições excepcionais, bater o recorde de seis horas. E isso foi em dia bom, sem furos, atascansos, avarias das berliets e muita ousadia na condução.
Cansado, moído da viagem, coberto de pó escuro riscado pela escorrência do suor, apeei-me da berliet, carreguei a trouxa atravessei a parada bordejada pela simbologia que recordava as companhias anteriores e dirigi-me ao barracão comprido que, plantado em frente, incluía a camarata dos furriéis, a respectiva messe e bar, a dos oficiais (que na tropa não havia misturas) e ainda o armazém de medicamentos, no topo que rematava a espécie de L que o edifício formava.
A construção, feita de tijolo e pintada de um branco já escurecido pelo tempo, era encimada por um telhado de folhas de zinco em terceira ou quarta mão, com todo o ar de já não serem novas quando ali foram pregadas. Nunca cheguei a perceber esta mania de utilizar zinco na cobertura dos edifícios, numa terra em que o sol imperava inclemente durante todo o ano, elevando as temperaturas acima dos quarenta graus. As chapas de zinco sobreaquecidas transformavam o interior das instalações num forno e de pouco ou nada valia o arejamento que separava a cobertura do topo da parede, nem as arejadas janelas de rede mosquiteira em lugar de vidraça.
No seu interior, sobre o comprido, uma dúzia de camas, arrumadas em duas filas contra as paredes, deixava um estreito corredor ao centro. Escolhi uma das vazias, larguei o saco, desfiz-me da farda, com cuidado para não espalhar o pó, agarrei no sabonete que arrumara algures entre as tralhas e dirigi-me aos balneários.
Havia duche, um autêntico luxo. Mesmo frio, era melhor que no Rivungo. Pelo menos não tinha que percorrer a distância que separava o aquartelamento do Rio, ao fundo das instalações da Marinha.
Enfiei-me debaixo do frouxo, porém abundante jorro de água, sentindo a fresquidão saborosa que, escorrendo pelo corpo, decapava a primeira camada de sarro resultante do suor peganhento amassado com terra e se transformava numa pequena torrente escura que desaparecia apressadamente pelo ralo a um canto.
Percorremos assim o mesmo trajecto feito três meses antes, mas agora em sentido inverso, passando de novo pelo Demba, Mugamba e Lihaona, seguindo-se o inevitável pontão de cimento das pontes do Cúbia e finalmente o itinerário sinuoso que conduzia à pista de terra avermelhada, companheira inseparável da cerca de arame farpado que limitava a fortificação desprovida de muros ou ameias.
Os cerca de 120 quilómetros que separavam a Neriquinha do Rivungo deverão ter levado as costumeiras sete ou oito horas a percorrer, já que apenas uma ou outra vez se conseguiu, em condições excepcionais, bater o recorde de seis horas. E isso foi em dia bom, sem furos, atascansos, avarias das berliets e muita ousadia na condução.
Cansado, moído da viagem, coberto de pó escuro riscado pela escorrência do suor, apeei-me da berliet, carreguei a trouxa atravessei a parada bordejada pela simbologia que recordava as companhias anteriores e dirigi-me ao barracão comprido que, plantado em frente, incluía a camarata dos furriéis, a respectiva messe e bar, a dos oficiais (que na tropa não havia misturas) e ainda o armazém de medicamentos, no topo que rematava a espécie de L que o edifício formava.
A construção, feita de tijolo e pintada de um branco já escurecido pelo tempo, era encimada por um telhado de folhas de zinco em terceira ou quarta mão, com todo o ar de já não serem novas quando ali foram pregadas. Nunca cheguei a perceber esta mania de utilizar zinco na cobertura dos edifícios, numa terra em que o sol imperava inclemente durante todo o ano, elevando as temperaturas acima dos quarenta graus. As chapas de zinco sobreaquecidas transformavam o interior das instalações num forno e de pouco ou nada valia o arejamento que separava a cobertura do topo da parede, nem as arejadas janelas de rede mosquiteira em lugar de vidraça.
No seu interior, sobre o comprido, uma dúzia de camas, arrumadas em duas filas contra as paredes, deixava um estreito corredor ao centro. Escolhi uma das vazias, larguei o saco, desfiz-me da farda, com cuidado para não espalhar o pó, agarrei no sabonete que arrumara algures entre as tralhas e dirigi-me aos balneários.
Havia duche, um autêntico luxo. Mesmo frio, era melhor que no Rivungo. Pelo menos não tinha que percorrer a distância que separava o aquartelamento do Rio, ao fundo das instalações da Marinha.
Enfiei-me debaixo do frouxo, porém abundante jorro de água, sentindo a fresquidão saborosa que, escorrendo pelo corpo, decapava a primeira camada de sarro resultante do suor peganhento amassado com terra e se transformava numa pequena torrente escura que desaparecia apressadamente pelo ralo a um canto.
Passei sabonete, várias vezes, à medida que ia inspeccionando o espaço. Os duches, instalados em quatro pequenas divisões tinham, arrumadas na frente, a pouco mais de meio metro, quatro sanitas de louça, em forma de funil, implantadas sobre uma plataforma de cimento, formando um recanto comunitário de higiene. Quem tomava duche podia desfrutar do espectáculo de quem ali estivesse acocorado em esgares de esforço. Inversamente esse perdia, por vezes, a necessária concentração para vencer a prisão de ventre, perante a forma mais ou menos artística com que cada um se esfregava debaixo do duche.
Explicaram-me depois que os duches só funcionavam há pouco tempo. Na Neriquinha havia um depósito metálico, encavalitado sobre uma estrutura, também ela metálica, alimentado por água sugada de um furo que ali fora aberto. Em toda aquela região plana, havia água a escassos metros de profundidade, não obstante o ambiente agreste à superfície. Mas, quando a companhia chegou, a bomba que a extraía e a levava ao depósito, estava avariada. O comandante da companhia anterior era um tanto ou quanto relaxado ou pouco dado a chatices. Ou, então, limitou-se a deixar a resolução do problema para outros.
A verdade é que, durante os primeiros meses, a água era recolhida a alguns quilómetros dali e transportada em bidões mal amanhados. Nunca cheguei a perceber como toda a companhia tomou banho durante todo esse tempo. Provavelmente iam, à vez, à Neriqinha Velha, restos da antiga povoação outrora chamada de Nova Riquinha, junto às margens do Rio Cuando e distando cerca de 15 quilómetros, onde ainda existiam umas paredes em ruínas a testemunhar as poucas casas que outrora albergaram colonos aventureiros. Sim, porque ninguém que não tivesse espírito de explorador se atreveria a viver em local tão ermo e selvagem longe de qualquer civilização, numa terra pouco amistosa e sem vias de comunicação. Creio que a guerra, desalojou os aventureiros atrevidos.
Parece que a existência da pista de aviação foi determinante para a construção das instalações militares naquele local, apropriando-se do nome e abreviando-o para N’Riquinha. Com o tempo, perdeu o apóstrofo, acabando na grafia ainda hoje usada: Neriquinha.
A construção do aquartelamento militar acabou por atrair a população autóctone que ancorou as suas cubatas ao abrigo da tropa, logo ali, junto ao arame farpado.
Quanto à Nova Riquinha, continuou a ser local de pastagens do gado e das lavras da população. Contudo, envelheceu. Quando ali chegámos já lhe chamavam Neriquinha Velha, uma espécie de contradição que apelidava de velho o que se dizia novo.
Já recuperado e liberto do incómodo da viagem, saí para o pátio, à porta da camarata. Na frente, no outro lado da parada, quase junto à cerca de arame farpado, as instalações da força aérea, numa construção mais recente e bem acabada, contrastando com a evidente precariedade das nossas. Apenas albergavam dois cabos telegrafistas, mas eram maiores e mais cómodas.
À direita, um estreito caminho de tabuinhas, estrutura precária semelhante à existente nas praias para poupar o esforço de caminhar sobre a areia, conduzia ao edifício que albergava a secretaria, a enfermaria e o gabinete do capitão. No topo deste edifício, uns metros mais à frente, qual sentinela, o depósito de água enganchado em cima da estrutura que o segurava.
Por momentos, senti saudades do Rivungo. Seria necessário criar novas rotinas ou adaptar-me às que por ali já se haviam instalado. A cadelita riquinha parecia enfrentar o mesmo problema. Aproximou-se abanando o rabo. Julguei perceber, no seu menear, um pedido de amparo enroscando-se aos meus pés enquanto, sentado numa tosca cadeira, procurava mitigar a sede com uma cerveja. Por ali, a água com o seu intenso sabor a ferro, era desagradável e não parecia matar a sede.
Explicaram-me depois que os duches só funcionavam há pouco tempo. Na Neriquinha havia um depósito metálico, encavalitado sobre uma estrutura, também ela metálica, alimentado por água sugada de um furo que ali fora aberto. Em toda aquela região plana, havia água a escassos metros de profundidade, não obstante o ambiente agreste à superfície. Mas, quando a companhia chegou, a bomba que a extraía e a levava ao depósito, estava avariada. O comandante da companhia anterior era um tanto ou quanto relaxado ou pouco dado a chatices. Ou, então, limitou-se a deixar a resolução do problema para outros.
A verdade é que, durante os primeiros meses, a água era recolhida a alguns quilómetros dali e transportada em bidões mal amanhados. Nunca cheguei a perceber como toda a companhia tomou banho durante todo esse tempo. Provavelmente iam, à vez, à Neriqinha Velha, restos da antiga povoação outrora chamada de Nova Riquinha, junto às margens do Rio Cuando e distando cerca de 15 quilómetros, onde ainda existiam umas paredes em ruínas a testemunhar as poucas casas que outrora albergaram colonos aventureiros. Sim, porque ninguém que não tivesse espírito de explorador se atreveria a viver em local tão ermo e selvagem longe de qualquer civilização, numa terra pouco amistosa e sem vias de comunicação. Creio que a guerra, desalojou os aventureiros atrevidos.
Parece que a existência da pista de aviação foi determinante para a construção das instalações militares naquele local, apropriando-se do nome e abreviando-o para N’Riquinha. Com o tempo, perdeu o apóstrofo, acabando na grafia ainda hoje usada: Neriquinha.
A construção do aquartelamento militar acabou por atrair a população autóctone que ancorou as suas cubatas ao abrigo da tropa, logo ali, junto ao arame farpado.
Quanto à Nova Riquinha, continuou a ser local de pastagens do gado e das lavras da população. Contudo, envelheceu. Quando ali chegámos já lhe chamavam Neriquinha Velha, uma espécie de contradição que apelidava de velho o que se dizia novo.
Já recuperado e liberto do incómodo da viagem, saí para o pátio, à porta da camarata. Na frente, no outro lado da parada, quase junto à cerca de arame farpado, as instalações da força aérea, numa construção mais recente e bem acabada, contrastando com a evidente precariedade das nossas. Apenas albergavam dois cabos telegrafistas, mas eram maiores e mais cómodas.
À direita, um estreito caminho de tabuinhas, estrutura precária semelhante à existente nas praias para poupar o esforço de caminhar sobre a areia, conduzia ao edifício que albergava a secretaria, a enfermaria e o gabinete do capitão. No topo deste edifício, uns metros mais à frente, qual sentinela, o depósito de água enganchado em cima da estrutura que o segurava.
Por momentos, senti saudades do Rivungo. Seria necessário criar novas rotinas ou adaptar-me às que por ali já se haviam instalado. A cadelita riquinha parecia enfrentar o mesmo problema. Aproximou-se abanando o rabo. Julguei perceber, no seu menear, um pedido de amparo enroscando-se aos meus pés enquanto, sentado numa tosca cadeira, procurava mitigar a sede com uma cerveja. Por ali, a água com o seu intenso sabor a ferro, era desagradável e não parecia matar a sede.
15 comentários:
As terras do fim do mundo, não passavam de um castigo para jovens saídos das nossas vilas e aldeias.
E maior castigo era a improvisação de comandantes jovens que não tinham experiência para viver nos "CUS DE JUDAS", como Lobo Antunes chama às vizinhas terras da N´riquinha o Cazombo.
Era o caso de usarem chapas de zinco, (capim das margens dos rios) era o caso de não saberem secar carne de caça (melhor que bacalhau), falta de treino para não se perderem nas anharas e matas planas e uniformes etc. etc.!
A pista da N´riquinha era nem mais nem menos que uma anhara donde foram extraidas as habituais raras árvores, e onde não precisou de qualquer obra de engenharia, isto no principio dos anos 50's.
O grande problema militar foi a impreparação geral dos comandantes.
Até porque não era preciso ganhar guerra nenhuma!
Pois é meu caro. Se calhar é mesmo isso.
O seu comentário, fez-me lembrar que, quando pela primeira vez li Lobo Antunes, na altura um desconhecido para mim, foi exactamente porque "OS CUS DE JUDAS" falavam de um território vizinho daquele de onde eu tinha saído há pouco tempo.
Ou é o fascínio por uma África selvagem ou a marca indelével que deixa nas nossas memórias.
Será que o "septuagenário" tem algo mais da "nossa" N'riquinha para nos desvendar?
Pela minha parte ficaria deliciado.
Por exemplo, a referência à pista e essa novidade da sua construção no início dos anos 50.
Sempre pensei que a sua construção fosse bem mais recente. Já temos referência de tropas ali estacionadas em tendas em 1964 e o conhecimento anterior da construção definitiva ter acontecido em 1968 pelo então Capitão Vitor Alves.
Podendo ajudar-nos... eu pago a rodada.
Abraço
P. Cabrita
Eu também contribuo para a rodada.
A propósito de não ter sido preciso uma obra de engenharia e escarafunchando um pouco mais fundo nos escaninhos da memória, sou levado a pensar que alguma maquinaria teve de ser usada.
As anharas naquela região (aquelas zonas planas a que os locais chamam de chana) são de consistência arenosa. A pista da Neriquinha era de saibro vermelho que para ali foi transportado de propósito. E de onde veio, teve de ser retirado escavando alguns metros em profundidade. Por ali aquela terra não existe à superfície.
Caro septuagenário. Gostaríamos de saber algo mais sobre as origens da pista. Penso que foi ela que determinou a contrução da Neriquinha naquela local.
Abraço
E. Cardoso
Uma pista para aviões, tem que ter uma camada de solos e/ou asfalto com capacidade de suporte para uma determinada carga. No caso militar um Nord Atlas, por ex.
Ora acontece que aquelas anharas (clareiras), eram leitos secos de linhas de água, que embora fossem de um solo muito fino era um oxido de ferro que geológicamente e na prática tinha a tal capacidade de suporte.
Nos princípios dos anos 50's era imperativo criar uma pista para um pequeno avião ao serviço dos Serviços Geográficos e Cadastrais poder fotografar para efeitos cartográficos toda aquela região.
Se repararem no Gogle Earth, ou se ainda tiverem mapas da região 1/100.000, existem imensas clareiras entre Mavinga e Neriquina, todas no sentido poente/nascente, que em geral terminam em rios que vão desaguar no Quando.
Ora, foi aproveitando a clareira da Neriquinha, que pessoal dos Serviços Geográficos de Angola e alguem das Obras públicas resolveu o problema.
Claro que para preparar a recepção de aviões maiores ter-se-ia ampliado a limpeza de árvores.
Em 1966, encontrava-se na extremidade oeste da pista um cilindro de compactação muito primário e antiquado levado por esse pessoal, que logicamente não serviu para nada.
Em 1966, foi feito um estudo pela Junta Autónoma de Estradas de uma estrada entre Neriquinha, Mavinga, Cuito e Serpa Pinto, mas que apenas chegou ao Cuito Canavale.
"As terras do fim do mundo", os "Cus de Judas" ou o que se queira chamar, não eram nossos, nem de Luanda, nem de Angola, muito menos de Luanda, nem da puta que pariu!
Fez-se ali uma guerra entre Cubanos e Sulafricanos, americanos e russos com Mig's e Misseis do mais moderno que não lembra nem ao diabo.
E andámos nós lá "a fazer psico" (gastar cera com defuntos).
O 25 de Abril apanhou-me numa tenda de campanha como topógrafo na tal estrada que levaria à Neriquinha se deus quizesse.
Começo a pensar que, afinal, a N'riquinha não era bem o "fim do mundo"... Vejam bem o que por ali quase acontecia... Por pouco não tínhamos uma autoestrada até ao Cuito, poupando aqueles 29 dias em que um MVL esteve lá enterrado. Lembram-se?
Voltando à pista, tenho alguns dados mais. Quanto a maquinaria, julgo que a única digna de tal nome era um cilindro de pedra que estava estacionado junto ao campo de futebol. Lembra-se o Cardoso?
A pista foi construída, primeiro alisando o terreno de forma a que os aviões pudessem pousar. Tudo executado fora da época das chuvas. Logo que os Nordatlas lá puderam pousar, segundo me contou um capitão que participou nessa tarefa, aquele saibro avermelhado misturado com cascalho, foi todo trasnportado de Nord em sacos e aplicado na pista antes das chuvas.
Grande odisseia deve ter sido e, se dscobrirmos alguém que nos conte alguma coisa sobre isto, seria quase uma epopeia... Acho que ainda vamos voltar a colocar N'riquinha no mapa dos Cus de Judas...
Um abraço e ... vamos falando...
P. Cabrita
... quase de férias, mas sempre por aqui remoendo a memória...
PS
Tenho imagens Google com a "nossa" N'riquinha hoje... Um tanto desfocadas, mas lá estão.
A mata voltou a ocupar o quartel...!
Melhor...
... reconquistou aquilo que lhe pertencia...
A pista da N'Riquinha foi aberta antes de 1950. Dava apoio aos aos avoões alemães que viajavam da África do Sul para a Europa no tempo da 2ª Grande Guerra. Tenho aqui em casa um livro onde consta esse facto e vou procurá-lo para vos dar mais informações.
Um abraço
Gabriel
Lembro-me bem da carcaça do cilindro a que o septuagenário se refere. Só não percebo porque não tirei, na altura, uma fotografia à relíquia.
Tenho tentado com o Google encontrar os restos da Neriquinha, mas ainda não consegui. Se se pesquisa pelo nome, ele leva-nos a um local perto do Rio Cuando. Penso que será a Neriquinha Velha.
Agradecia ao Cabrita que me indicasse as coordenadas.
O cilindro de pedra é o tal cilindro antiquado transportado pelos funcionários dos SGC.
Os alemães usaram essa chana (clareira) e outras durante a II grande guerra e não só, pois é histórico que para eles aquele sul de Angola era para anexar ao Sudoeste Alemão (Namibia).
Em 1974 ainda havia alemães e italianos na região de Nova Lisboa, Chinguar, etc. que estiveram ligados a esse projecto alemão e que após a guerra permaneceram em Angola.
Havia mais chanas onde avionetas aterravam que era o caso da resesrva de caça perto de Mavinga, Quirongosi, que tinha uma pequena pista.
Mais tarde, o Savimbi, tinha o célebre quartel da Jamba, a sul da Neriquinha, já perto da fronteira da Namibia, em que tambem usava uma chana transformada em pista.
A informação do Gabriel Costa é extraordinária. Na verdade gostaria de ler algo mais sobre este assunto.
No caso, qual seria a função desta pista nessas circunstâncias, tendo em conta o reabastecimento das aeronaves?
Bem, provavelmente como nós fazíamos; com bidões. Mas isso obrigaria a itinerários minimamente capazes de permitirem a deslocação de viaturas de transporte.
Há ainda a probabilidade de transporte dos combustíveis por via aérea.
Agora imaginem os meus "companheiros de guerra" se tivéssemos tido conhecimento de tudo isto na altura em que lá estávamos. Tenho a certeza que o Lupale, pelo menos, negociou cafecos com os alemães. E muita coisa ele teria para nos contar, se tudo isto vier a desvendar algo de interessante.
Vendo bem ainda vamos concluir que aquilo, afinal, não eram bem "Terras do fim do Mundo...".
Bem, acho que destapámos uma caixinha de Pandora...
Vamos em frente.
Abraço
P. Cabrita
Corrijo o nº da CCAÇ - As populações que viviam junto ao quartel da N'Riquinha, não se instalaram na altura da sua construção, mas foram lá instaladas em 1968, pela CCAÇ 1779, do Capitão Vitor Alves, na sequência de uma surtida do MPLA que atacou o Quimbo Samujuto, abateu o seu soba, roubou alimentos e material e raptou algums elementos.
O quarte da N'Riquinha foi construído por uma Companhia de Engenharia, em data que desconheço. Antes da CCAÇ 1779 (1968/1969), esteve lá uma Companhia de Cavalaria. As instalações da Força Aérea foram construídas em 1968, depois de um NordAtlas se ter perdido na aproximação à N'Riquinha, tendo aterrado já com pouco combustível. Depois disso e de ter sofrido mais uma compactação, a pista foi utilizada por NordAtlas, DC3, PV2 Allouete III, entre outas aeronaves de menor porte, tendo chegado a estacionar na pista cerca de 10 aparelhos, aquando da visita de altas patentes das Forças Armadas.
Sim, confirmo: a maior parte das gentes que viviam no Kimbo da Neriquinha era do Samujuto, onde continuaram a manter as suas lavras.
Quanto à restante informação, conhecemos a sua maior parte. Já conseguimos obter fotografias e narrativas do tempo em que a neriquinha era apenas um campo com tendas de lona. Era o ano de 1963.
Olá camaradas sou Angolana nascida em 1981 e de alguns anos pra cá tenho estado a investigar alguns batalhões ou grupos como for q entre 1968-1969 estiveram em Angola kuando-kubanho. Sei q é estranho mas estou a tentar ajudar alguém a encontrar o pai. Já passaram 45 anos.por favor se alguém poder ajudar meu email elizangelasamba@gmail.com
Olá camaradas sou Angolana nascida em 1981 e de alguns anos pra cá tenho estado a investigar alguns batalhões ou grupos como for q entre 1968-1969 estiveram em Angola kuando-kubanho. Sei q é estranho mas estou a tentar ajudar alguém a encontrar o pai. Já passaram 45 anos.por favor se alguém poder ajudar meu email elizangelasamba@gmail.com
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