O encontro deste ano realiza-se no Restaurante "Oficina dos Sabores", em Aveiras de Cima, no último sábado de Maio, dia 26.
A concentração será no parque de estacionamento do restaurante pelas 12h
EMENTA
Entradas: Tradicionais petiscos da Região
Sopa
Prato Carne
Sobremesa: Frutas e Doce
Bebidas: Vinhos e Sumos
Café
Digestivos
Bolo comemorativo
Preço por pessoa: 20 euros
LOCAL:
Restaurante “Oficina dos Sabores”
Estrada Nacional 366 – Km 23,6 – Ladeira
2050 Aveiras de Cima
GPS: Lat. 39º,07 N – Long. 08º,53 O
http://oficinadossabores.com.sapo.pt/
Como chegar :
Viajando pela A1 do sentido Porto –Lisboa ou Lisboa – Porto, sair na Saída de Aveiras.
Passando as portagens encontrará uma rotunda, na qual deves sair na saída da esquerda, cujas indicações são “Aveiras” e “Azambuja” e entrarás na vila pela rua principal.
Segues essa rua sempre em frente, atravessas a vila e passas pela Cruz Vermelha, pela Igreja já na saída da vila, passas por baixo do viaduto da A1 e encontrarás o restaurante à tua esquerda.
O restaurante dispõe de parque privativo.
Memórias das aventuras e desventuras de 140 militares que, em Novembro de 1971, armados de G3, foram largados num ermo algures no meio das remotas savanas das terras-do-fim-do-mundo nos confins de Angola
quarta-feira, 16 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
Passar o tempo


Na verdade, o que mais interessava era que o tempo passasse depressa de forma a encurtar a distância que nos separava do dia mais desejado: aquele em que seríamos tirados dali. E para isso, valia tudo o que se pudesse inventar. Por exemplo, um dos cabos da força aérea que ocupava as instalações no lado oposto da parada, lado a lado com a horta, adoptou uma galinha como animal de estimação. E como se isso não bastasse, certo dia, amarrou um cordel ao pescoço do galináceo, levando o bicho a passear pelo kimbo, como cãozinho pela arreata, elevando o passatempo a patamares do ridículo, próprio de quem, apanhado pelo clima e sem mais nada com que se ocupar, atingira níveis de insanidade extremos.

Os soldados, embora compreensivelmente menos apetrechados culturalmente, também se dedicavam à leitura. Contudo, com uma excepção ou outra, bastavam-se com as revistas enviadas pelo Movimento Nacional Feminino, recolhidas dos monos amontoados nos armazéns da Agência Portuguesa de Revistas. O pior é que, na sua maioria, eram fotonovelas, onde pontuavam as famosas “Corin Tellado” e as “Capricho” entre muitas outras que, copiando a receita, exploravam o filão muito em voga na altura, revistas essas que, não obstante se destinarem fundamentalmente ao sexo feminino, eram encaminhadas para soldados sedentos de mulher, pouco importando que a leitura fosse inadequada. O facto é que essas revistas eram devoradas, mais pelas fotografias de mulheres do que pela história que era suposto contarem.
Uma ou outra chegava à camarata dos furriéis, onde eram lidas sem pruridos culturais de maior. Contavam histórias de amor impossível, ilustradas com fotografias a preto e branco e de pouca qualidade que nem dava para perceber se a “gaja” valia alguma coisa. Algumas, com um enredo falho de imaginação, eram lidas em conjunto. Três ou quatro juntavam-se em grupo, liam os diálogos em voz alta, ridicularizando a história com comentários boçais numa galhofa colectiva. Pode parecer parvoíce, mas era um entretém que ocupava uma parte do dia, divertia e trazia boa disposição.

E era assim que, por estas e por outras, se concluía finalmente:
- Tás mas é cacimbado!
Ou seja, culpava-se o clima pelas nossas saudáveis brincadeiras, esquecendo-se que talvez a juventude justificasse uma boa parte dos exageros. Se a minha memória não me falha, herdámos dos velhinhos da companhia anterior umas brincadeiras igualmente parvas, cujos rituais mantivemos mesmo depois de se terem ido embora. O famoso “cu de boi” não passava de um ritual idiota que se resumia a bater freneticamente num tambor que por ali foi deixado, acompanhado de gritos guturais que se limitavam a repetir, até à exaustão, o refrão:
- Cu de boi, tum, tum, tum,… cu de boi, tum, tum, tum …cu de boi ….
A parvoíce ainda durou uns tempos, mas foi rapidamente substituída por outras menos barulhentas.
Certa noite, uma daquelas noites quentes em que não corria a mais pequena brisa, fomo-nos juntando, após o jantar, no pequeno pátio fronteiro á camarata, já que, no seu interior, o calor abafado se tornara insuportável obrigando-nos a abandonar o jogo de cartas que nos entretinha a maior parte das vezes. Ocupavam-se os poucos assentos que por ali havia, umas cadeiras de ferro cujo assento era feito de tiras de plástico interlaçado e uns cadeirões improvisados construídos a partir de restos de aduelas de barril.

Este segundo banho contagiou o resto do pessoal que, abandonando o local, se foi disfarçadamente munindo do vasilhame que encontrou, desde alguidares, tachos da cozinha, jarros e vasilhas desencantadas não sei onde, enchendo-as sorrateiramente onde encontrassem uma torneira: na messe, nos balneários dos praças e outros ainda na messe de oficiais.
O facto é que daí a pouco, todos atiravam água uns aos outros, criando emboscadas, surgindo de repente ou inventando estratégias para apanhar alguém distraído. Quanto maior a surpresa de quem levava o banho maior a piada.
Andámos nisto um bom bocado da noite, até que, ou pelo cansaço, pelo adiantado da hora ou porque a coisa perdeu a graça, se deu por finda a brincadeira. Arrumaram-se tachos alguidares e baldes e, certamente bem mais frescos, cada um recolheu ao seu canto.
Foi sem dúvida um serão diferente. Desta vez, as leituras, as jogatinas de king e as rodadas de sueca, foram substituídas por uma estranha espécie de apanhada que obrigou a maioria a um duche ao recolher.

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