Numa abordagem superficial, a produção de artesanato poderia parecer tratar-se de mera ocupação do tempo. Mas se se tiver em atenção o que produziam, facilmente se conclui que a arte de esculpir a madeira e moldar o ferro visava em primeira mão a produção de ferramentas e utensílios necessários ao dia a dia daquelas gentes. Aquela forja artesanal e curiosa, manipulada pelo Século Sarikissi, com a qual forçava sem esforço o ar até o braseiro que tornava o ferro incandescente, não fora invenção recente. Mais, não tinha por finalidade a simples produção de artesanato.
È claro que a lixeira da tropa se transformou num local onde encontravam matéria prima pronta a ser transformada: bocados de molas partidas das viaturas eram facilmente transformados em facas, machados (javites) e lanças; aduelas de barris que ali chegavam acondicionando azeitonas e outras conservas viravam cadeiras e artefactos e a abundância de madeira existente nas matas era facilmente transformada em objectos procurados pelos tropas dando lugar a um mercado em que cachimbos, cinzeiros artísticos, pequenas estatuetas, tambores e caretos constituíam uma fonte de rendimento até então inexistente.A arte de moldar o ferro e esculpir a madeira tornara-se um negócio, passando as ferramentas a serem aos poucos adquiridas no Chiado.
9 comentários:
Um breve adorno a mais este excelente testemunho que nos traz o Egídio.
Os trabalhos em madeira eram executados apenas com dois instrumentos:uma faca rudimentar e um bocado de vidro.
Se se reparar nas cores e desenhos que ornamentam os instrumentos, são apenas duas (o preto e o branco). O branco é a própria cor da madeira e o negro era obtido pelo fogo, portanto, queimado.
Depois de queimada (superficialmente) a zona onde iria ser inserido o ornamento, com um vidro raspavam o queimado e desenhavam a figura pretendida.
E era nesta simplicidade que viviam felizes as gentes de N'riquinha, não fora a guerra que lhes transtornava os hábitos e os costumes.
Hoje ainda os espreitamos pelo Google Earth no retorno à ex-N'riquinha Velha, agora, e de novo, a N´riquinha, pujante nas suas lavras e usufruto pleno de um rio sempre vivo e serpenteante.
P.C.
Meus Bons Amigos,
Votos de um Santo e Feliz natal cheio de Amor e Paz e um 2012 o melhor possível.
Um abraço amigo.
Embora com algum atraso - mas mais vale tarde do que nunca - aqui estamos a retribuir.
Obrigado Luis.
Já agora, aproveito para lhe desejar um bom ano novo ... pelos menos que não seja tão mau quanto por aí vaticinam.
Não resisto:
Já imaginaram os netos dos velhotes das fotos, ver um Nord Atlas carregadinho de professores portugueses, aterrar na N´riquinha?
Lembrei-me agora mesmo da nossa crise, podia imaginar muitas outras...!
Aquelas paragens são inspiradoras.
Bom fim de ano
Antº Rosinha
Li recentemente em notícias da Angop que aquela zona continua minada - é arriscado andar por ali.
A pista está totalmente inoperacional e parece que as ruinas são perigosas para quem se atrever a visitá-las. A picada que vinha de Mavinga não é utilizada e a ligação ao Rivungo faz-se ao longo do Rio Cúbia, pelo outro lado.
De qualquer forma, faço meu o seu desejo. Era bonito!
Já agora um bom ano novo para o amigo Rosinha
"O Governo Provincial do Kuando Kubango perspectiva construir em 2009 seis escolas do ensino primário, num total de 24 salas de aula, nos municípios de Mavinga e Rivungo, no quadro do Programa de Melhoramento e Aumento da Oferta dos Serviços Básicos às Populações.
Consta igualmente dos projectos do governo local para o próximo ano a construção de seis postos médicos e outras infra-estruturas públicas nas comunas de Cutuilo, Cujamba e Luengue (Mavinga) e Neriquinha, Chipundo e Luiana (Rivungo)."
Por esta notícia, embora antiga, sabemos que Neriquinha continua com habitantes suficientes para existir como aldeamento. Tenho uma ida marcada à Neriquinha este ano juntamente com um Angolano que bem conhece a zona, pois foi o principal militar responsável do MPLA pela chamada " Batalha de Mavinga". A visita falhou em 2011 por minha culpa. Este ano não quero faltar ao convite que me foi feito.
BOAS FESTAS
Pronto..!
Lá vem o Gabriel de novo fazer crescer água na boca a alguns de nós...!
Se não é pedir muito... traga-nos "rolos" de fotografias...!!!
Abraço e boa viagem.
P.C.
Funchal, 2012/02/29 - OLá a todos os amigos que encontrei nestes comentários. Diz o amigo Cabrita que o Gabriel é perito em fazer crescer água ao pessoal que gosta de falar e recordar locais que nos deixaram marcas. Já que o " Ferrugem" Gabriel " pode ter essa oportunidade,aproveita-a e quando passares por lugares que nos foram comuns - simplesmente dá um largo abraço nosso, porque nós estaremos contigo em pensamento. Faz im favor - traz fotos, filmagens ou que puderes, pois gostaríamos imenso de rever aqueles distantes lugares, mesmo que os mesmos nos deixem com nostalgia. Penso que vale o esforço. Força Gabriel. Um abraço do Figueiredo Pinto que vivia na Lousã e que foi o furriel enfermeiro, noje no Funchal.
Caro Pinto! por onde tens andado, pá? Aparece! Já deves estar aposentado, por isso, tens tempo de sobra. Abraço. Gabriel
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